Corporeidade: entre o sólido, líquido e o “gososo” 

Corporeidade: entre o sólido, líquido e o “gososo”.

Em psicanálise, o corpo não é apresentado como um conceito, mas podemos pensar qual a noção de corpo que a psicanálise lacaniana apresenta. Parto, então, da interrogação sobre a relação entre a fala e o corpo, como se estabelece? E assim, como pensar o efeito da fala no corpo a partir da análise?

Para iniciar, trago Sonia Alberti a partir do Prefácio do livro “A pele como litoral” (2011), que apresenta o corpo como uma superfície e a pele como litoral, diferenciando-a de fronteira. Esta é demarcada, mas não há clara distinção entre o que está de um lado e do outro. Já o litoral não, mar e areia se distinguem, é possível perceber a diferença entre eles.

“Se o sujeito em psicanálise é o sujeito da fala, é nessa fala que ele se presentifica; é nessa fala que adquire forma e vida; ele é isso. O corpo é do sujeito que disso fala. E o que o sujeito fala, seja quanto ao corpo ou quanto à outra coisa qualquer, implica por um lado o que ele fala – os significantes e as associações significantes que compõe essa fala – e, por outro lado, o efeito dessa fala, o que se deposita dela no corpo, o que se produz a partir dela.” (p.11, 2011)

O litoral de que se trata é entre a fala, os significantes e, o gozo, o impossível de dizer. Assim, significante e gozo fazem litoral, sendo o sujeito do campo da linguagem que se encontra com o indizível do gozo.

Nguyên (2016), ressalta que o conceito de falasser de Lacan diz do ser falante e seu corpo, estabelecendo assim uma aproximação entre corpo e fala. Nominé (2018), escreve que “um corpo é algo que pode gozar” e desse modo, se significante e gozo fazem litoral, podemos também aproximar a noção de corpo a eles. Soler (2019) se refere à Lacan para dizer que para gozar é preciso um corpo. Nesse caminho, Strauss (2016) retoma Lacan, com a afirmação de que temos um corpo e não somos um corpo. Lacan ressalta que a linguagem “está fora dos corpos que por ela são agitados” (p.17, 1972-73). O corpo goza quando fala e o corpo ressoa com a fala.

Pensando no conceito de gozo, Lacan (p.123, 1972-73) o nomeia “enquanto diz-mansão do corpo, no ser falante…” E segue “Onde isso fala, isso goza”. (IDEM). Ou seja, a fala concerne ao gozo. O gozo não se trata apenas do gozo que atinge o corpo, mas a própria fala. “O inconsciente, não é que o ser pense…o inconsciente, é que o ser, falando, goze e, acrescento, não queira saber de mais nada.” (LACAN, p. 113, 1972-73) Há portanto, uma relação não apenas entre significante e gozo, mas entre significante, corpo e gozo.

Segundo Soler (2019), o significante representa o sujeito, mas ele afeta o corpo e não o sujeito. Lacan (1972-73, p.30) afirma que “o significante é a causa de gozo” e Soler complementa que ao mesmo tempo o gozo infiltra o campo simbólico. Nesse sentido: “Falar é gozo” (Soler, p.175, 2019) Strauss (2016) acrescenta que o ato de falar produz um gozo no corpo ligado ao objeto perdido, a. Seguindo nessa trilha com Nominé (2018), a fala produz o objeto, ele cai, escapa, se perde, e é pela fabricação de sentido, ou seja, pela fala, que há uma remenda da relação entre corpo e gozo.

Alberti (2011) nos lembra que o corpo é um campo topológico, que inclui o que pode ser deformável, mantendo os furos que apresenta. Esses furos, Freud já os nomeava como zonas erógenas. “O organismo animal se torna um corpo sintomático e pulsional no ser falante.” (Soler, p. 34, 2019) E para Lacan a pulsão é efeito da linguagem. Esta “toca o organismo, o desnatura, o modifica.” (Soler, p.35, 2019)

Desse modo, Soler nos aponta que “o gozo se aloja nos buracos da estrutura de linguagem”, no lugar do que falta ao Outro (p.179, 2019) e que

“o gozo não se diz a não ser como periférico, fragmentário e localizado em bordas corporais – chamadas por Freud de zonas erógenas – ou seja, como basicamente ‘fora do corpo’, cativadas por objetos que são peças separadas do corpo, os objetos que a teoria clássica qualifica como pré-genitais e dos quais, Lacan enumera quatro: seio, fezes, voz, olhar.” (Soler, p. 314, 2019)

Para tratar a noção de corpsificação pela linguagem, trazida por LACAN, introduzo aqui o efeito da incorporação da linguagem no corpo como a subtração de gozo, uma parte do gozo vivente. Ou seja, há um esvaziamento do corpo, do gozo, é uma negativização que expulsa o gozo do corpo. Com “a negativação, a

linguagem cria um novo órgão, um novo instrumento do organismo para operar suas predações.” (p.53) A libido seria, então, o órgão do incorpóreo do corpo. Lacan diz isso no Seminário XI, “a libido deve ser concebida como um órgão, nos dois sentidos do termo, órgão-parte do organismo e órgão-instrumento.” (LACAN, p. 177, 1964) Dessa frase, passo a escutar a libido entendida como órgão, no sentido de instrumento musical, será que podemos sustentar isso? O que aponta para a produção e multiplicidade de sons.

A saída da necessidade e transformação em símbolo aponta para a desvitalização, o que diz do simbólico. É com a passagem da necessidade em demanda que faz aparecer o desejo e as pulsões. “O desejo é perda, a pulsão supõe a perda, porém, mais precisamente, a pulsão introduz despedaçamento e corte no gozo.” (Soler, p.57-58, 2019)

Lacan pontua que nasce um organismo vivente que incorpora o incorpóreo da linguagem. (1970) Assim, “ele se torna um corpo mortificado, um corpo disjunto de seu gozo pela operação da linguagem, pela operação da demanda articulada que engendra o desejo como resto e a pulsão.” (Soler, p.61, 2019)

Aqui surge a noção de corpo para Lacan como “deserto de gozo”, pois o corpo se perderia na sua interioridade e apenas pela superfície haveria sensorialidade, o que Soler nomeia por silêncio dos órgãos. Mas o gozo pode retornar ao corpo, com os sintomas histéricos, uma doença, com dores, entre outros. A libido, como órgão do incorpóreo, é aquela que pode apanhar algo fora do corpo, na tentativa de complementar, pela atividade pulsional. Assim, a pulsão se apresenta como podendo se estender aos limites corporais, é elástica. A libido vai mais longe que o próprio corpo, e é o “que resta de vida ao corpo vivente mortificado”, é “o que vivifica um ser” (Soler, p.69, 2019). Importante dizer que “o organismo libidinal é o espaço fora do corpo onde se desdobra o gozo” (p.69) expulso do corpo. Desse modo, cada um fabrica seu próprio corpo, a partir da libido e pela elasticidade da pulsão, que denota um além do corpo, evidenciando a importância das palavras. Falar com o corpo é falar com a pulsão. (SOLER, 2019)

Nesse sentido, é pela demanda que o bebê se enlaça ao Outro, a partir das ofertas que esse Outro apresenta, o que passa pelo oral, anal, as atividades pulsionais. Desse modo, há marcas da demanda inscritas no corpo, que apontam

para recortes das zonas erógenas. Assim, as “pulsões são, no corpo, o eco do fato de que há um dizer.” (LACAN, 1975-76, p.18) Isso significa que as pulsões como eco no corpo fazem passar ao ato o dizer da demanda. A demanda é aquela que converte a necessidade em pulsão. (SOLER,2019)

Soler diz que o impulso (Drang) da pulsão, é o gozo que não se inscreve. Há uma permanência desse impulso que se extrai das bordas corporais, ou seja, uma permanência de gozo. Ter um corpo é poder fazer algo com ele, se servir dele, pulsionalmente, tendo um benefício não pelo prazer, mas pelo gozo. A pulsão estabelece relação com o objeto a, que seria o quantum de substância gozante, que é também a causa da relação erótica com o outro corpo, mas é ao mesmo tempo o que faz obstáculo a relação sexual. Ela tenta unir, e também separa, tendo uma dupla função.

Desse modo, podemos seguir com a definição de corporeidade que Dunker nos traz: “conjunto de relações topológicas entre corpo, carne e organismo” (p.87, 2011) Esta “corporeidade é um semblante, ou seja, uma aparência que se mostra como aparência” (p.93), e atua como o quarto nó que enoda o corpo (registro simbólico), a carne (registro real) e o organismo (registro imaginário).

Didaticamente e seguindo Dunker (2011), apontaremos os três registros. O corpo Real, ou seja, a carne, como a superfície de escrita da pulsão, que aponta para a exterioridade e interioridade, recortadas pelo objeto a. Ele ex-siste. A carne não é representável e nem especularizável, não tem dimensões. A carne é apreensível em formações residuais e restos do corpo.

Nominé (2018) acrescenta que o real do corpo é o vazio que se constitui pela falta na imagem, não é apreendido na imagem. Nguyên (2016) afirma que é “o corpo da substância gozante, o corpo de gozo do ser vivo.” (p.9)

O corpo simbólico seria aquele habitado por letras, marcas, traços, significantes, enunciações e discursos. Ele in-siste. É a corporeidade na relação com o Outro. O corpo não é um objeto, mas um agente simbolizante, para Dunker. Nguyên (2016) acrescenta que é o corpo que falta e que determina a língua. E Nominé (2018) afirma que não é um corpo vivo, é um corpo mortificado pelo simbólico.

Já o corpo pela via do Imaginário (organismo), de acordo com Dunker (2011), está relacionado à apropriação da própria imagem, através do olhar do Outro. Ele con-siste e traz a ilusão da unidade. É o que Nguyên (2016) denomina de corpo da forma. Nominé (2018) escreve que é o corpo do Estádio do Espelho, da ilusão de unidade, em que o olhar do outro é importante na sustentação desse corpo e tem efeitos sobre ele.

O caso:

No início das sessões, a analisante ocupava certa posição de rigidez, de ser a “salva-dor(a)” da realização das demandas de trabalho. Ela antecipava o que devia resolver, o que a exauria. Nomeia que ela é quem “segura” os problemas do trabalho e “não os deixa vazar”.

Em seu corpo aparece também sua rigidez, é no corpo que segura os problemas, e não deixa “vazar”, como ela mesma diz. “Não deixar vazar” no sentido de ninguém saber dos problemas e também de um corpo que não vaza. Se evidencia assim um corpo sólido, rígido, que aguenta e que aparece com os furos tamponados.

Além disso, este é um corpo diagnosticado com endometriose, o que ilustrativamente pode-se dizer que ocorre sangramentos internos que criam placas pelos órgãos. Nesse sentido há sangue que “não vaza”, e fica, como uma espécie de resíduo endurecido no corpo. Além disso, ela relata ter prisão de ventre, novamente apontando para o que se solidifica e que há dificuldade de expulsar. É curioso perceber como esse corpo pelos sintomas tende a solidificar, não expulsar os “resíduos”.

Um exemplo que a própria analisante traz é do olho com tersol, que incha e inflama, cheio de pus, mas passa dias sem estourar, até que ao dizer de sua insatisfação no trabalho, seu olho pode vazar. É quando o pus passa a escorrer e o tersol não tem mais razão de ser.

Este corpo se permite furar ao longo da análise, furo no corpo e saber como furo, se entrelaçam. Corpo e fala estão relacionados. Ao falar sobre seu nome próprio e a relação paterna ligada a ele, é que novos sentidos podem aparecer, como a suspensão do sentido. Em um sonho associa a seu nome próprio, ao estado sólido da matéria (no caso, referência a terra) e ao estado líquido (no caso, referência a

água). Tanto terra quanto água aparecem como significantes, que correspondem ao seu nome, mas também ao modo que seu pai a chama, o que a incomoda.

É por meio do sonho, com seu nome próprio, que ocorre uma travessia da terra ao mar. Há com isso, um deslocamento do seu nome não mais preso ao dito paterno enrijecido, mas uma abertura da articulação do nome próprio a suspensão de sentido pelo desmembramento do nome e pela sonoridade evocada. Por exemplo, brincar com os estados da matéria. É assim, que também seu corpo sólido pode aos poucos aparecer de modo mais fluido.

Isto também se dá com o significante “esvoaçante”, que surgia sempre como crítica paterna sobre o que uma mulher não deve ser, ou seja, “solta demais”. Sua resposta era ser “não sociável”, o oposto de “esvoaçante”, para ela. Nesse sentido, também respondia a demanda paterna não sendo “solta demais” e não deixando nada solto, nada vazar. Ao contrário, ficava com ela, não soltava.

E após anos de análise, em uma sessão, se nomeia como “esvoaçante”, sem perceber. O “esvoaçante” passa a ser aquela que se desloca para outros lugares, antes não navegados, sobrevoando com tranquilidade pelas interações sociais. Não mais presa e rígida, mas fluida e se expandindo pelos espaços. Com isso, ao escutar o que diz, ela se dá conta que não se referia mais ao sentido dado pelo pai a essa palavra que tentava se desvencilhar, mas que ela podia se reconhecer pela mesma palavra, mas de outro lugar.

É interessante pensar sobre a alienação a palavra que vem do Outro, no caso do dito paterno, a voz do Outro, e que isso tem efeitos no corpo e na posição subjetiva. Esta analisante aponta uma nova saída não mais respondendo substancialmente ao Outro. É pela interrogação do Outro, de seu olhar e voz, ao se deixar furar pelo não saber, que pode se deixar vazar e não mais “segurar no corpo”, passando a responder com novas experiências corporais, com diminuição da prisão de ventre, passando a sentir, perceber o próprio corpo de outro modo, mais solto, se deslocando pelas ruas, traçando novos caminhos. É um corpo, mas também uma posição subjetiva que se desloca e descola e se apresenta no laço com o outro de modo menos alienado, mais fluido e esVOAçante.

No Seminário XI de Lacan, extraímos que o inconsciente é o efeito da fala sobre o sujeito e que o inconsciente tem efeito sobre o corpo, o que seria o sintoma,

por exemplo. No entanto, o corpo não faz acordo com o inconsciente, este é discordante. Desse modo, junto com Nominé (2018), é interessante pensar que o corpo falante não é o corpo simbólico. O corpo falante aponta para o inconsciente que faz dis-corps, ou seja, que é discordante, que transborda do corpo simbólico do Outro. Não é regido pelo Outro, mas o que pode escapar deste.

Assim, a intervenção analítica, que apontaria para o corpo falante, ou seja, que poderia deslocar o que seria o corpo falante do simbólico, seria pela sonoridade do significante. Nominé (2018) traz essa proposta, afirmando que com isso, enodam-se novos elementos significantes, que não os que respondem ao Outro, mas algo que escapa ao sentido já posto e afirmado pelo sujeito. Ele nos diz que o que ata sujeito e corpo é o produto da alienação ao Outro, mas que algo também escapa. Sendo assim, é necessário que algo escape à alienação para que haja gozo do vivente. Nesse sentido, haveria corpo falante, ou seja, o que ressoa no corpo da fala, mas que não adere ao sentido vindo do Outro, e sim um novo, produto da fala em análise que toca o corpo e que produz mudanças.

Lacan, no Seminário XX diz que “o real, eu diria, é o mistério do corpo falante, é o mistério do inconsciente.” (p.140, 1972-73) e também afirma que o corpo falante só se reproduz “graças a um mal-entendido do seu gozo.” (p.129, 1972-73) Pensando assim, é de mal-entendidos que se trata uma análise.

Assim, podemos seguir com Nguyên (2016) em referência à Lacan que há o inconsciente que não é da linguagem, estruturado como linguagem. Há, portanto:

“o inconsciente letra, inconsciente escritura, inconsciente feito de letras que podem fazer cadeia mas que, para tanto, são Uns, elementos onde o gozo está fixado. A interpretação analítica joga com os elementos da alíngua para des-fixar o gozo.” (p.9, 2016)

Aqui talvez podemos pensar na intervenção do analista que aponta para o significante, para a fala e que toca o que é da ordem do real, desse inconsciente letra, onde o gozo está fixado. De algum modo, algo se desloca com isso, não apenas do sentido, mas pela sonoridade, o equívoco significante. Podemos pensar o mal-entendido do gozo como algo da ordem do equívoco significante? Como diz Nguyên, “o fora de sentido é seu alvo” (p.11, 2016). Lacan (1975-76) diz que as pulsões aparecem como eco no corpo por existir um Dizer. E o Dizer aponta para o Real, ou seja, a letra suporta o dizer e abandona-se o sentido. E é pelo esquecimento do sentido que é possível escutar o que é da ordem da escritura, da letra e do gozo da letra, escuta-se o poema que dá acesso do inconsciente linguagem para o inconsciente Real.

Referências Bibliográficas:

ALBERTI, Sonia. Prefácio: Psicanálise e Corpo, em Pesquisa. In: A pele como litoral: fenômeno psicossomático e psicanálise. Org, Ramirez, H., Assadi, T., Dunker, C. São Paulo: Annablume, 2011.

DUNKER, Christian. Corporeidade em Psicanálise: Corpo, carne e organismo. In: A pele como litoral. Org, Ramirez, H., Assadi, T., Dunker, C. São Paulo: Annablume, 2011.

STRAUSS, Marc. Eu falo com meu corpo. Texto Livro Zero: Revista de Psicanálise. O fala-ser nas estruturas, v.1, n. 7, São Paulo, FCL-SP. 2016.

NGUYÊN, Albert. O fala-ser muda a psicanálise. Texto Livro Zero: Revista de Psicanálise. O fala-ser nas estruturas, v.1, n.7, São Paulo, FCL-SP. 2016.

NOMINÉ, Bernard. O corpo, o significante e a letra. Texto Livro Zero: Revista de Psicanálise. Entre o significante e a letra, v.1, n. 9, São Paulo, FCL-SP, 2018.

LACAN, J. 1964. O Seminário, livro 11: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

LACAN, J. 1970. Outros Escritos. Radiofonia. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.

LACAN, J. (1972-73) O Seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LACAN, J. (1975-76) O Seminário, livro 23: O sinthoma. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

SOLER, C. O em-corpo do sujeito: seminário 2001-2002. Salvador: Ágalma, 2019.

Mariana Magalhães do Carmo

Psicanalista. Psicóloga, formada pela PUC-SP. Participante das Formações Clínicas do Fórum do Campo Lacaniano e membro do Inconsciente Real. Atendimento em consultório e acompanhante terapêutica.

Compartilhe:

Facebook
LinkedIn
Twitter
Telegram
WhatsApp